Os Terapeutas e as Suas Feridas – I

Muitos dizem que “o tempo cura todas as feridas”. Mas sabemos que não é bem verdade.

E sobre aquela ferida que por mais tempo que passe está sempre lá? O que é que decide a nossa alma?

Vamos lá ser terapeutas e darmo-nos uma oportunidade constante de lidar com as feridas e as dores dos outros.

Assim, num momento de lucidez e ao longo do percurso, vamos poder olhar para aquela ferida tão crónica e finalmente começar a curá-la.

Curar as nossas feridas

Com diz Martinho Lutero:

Ensinamos melhor aquilo que precisamos de aprender.

Enquanto a humildade entra suavemente em nós como as gotas de orvalho na nossa pele ao refletir na profundidade destas palavras, surgem muitas pessoas que sentem a missão de ajudar o outro.

O que é uma fundamental reflexão da nossa verdadeira razão para nos tornarmos terapeutas.

Numa de emersão, assume-se assim a grande verdade de que a busca primordial baseia-se na cura das nossas próprias feridas.

O curador ferido

Nathalie Durel Lima, no seu livro “O Feminino Reencontrado” aborda com uma seriedade importante, o arquétipo do “curador ferido”.

Quando li pela primeira vez este livro, há uns 8 anos atrás, aprendi os conceitos mas ainda não era ainda o momento para compreender a realidade de que ela falava com toda a sua autoridade na matéria.

Segundo a autora, todos os terapeutas são curadores feridos.

A cura holística

Há uma necessidade crescente na cura holística. Não apenas uma cura ocidental, racional e pragmática – que tanto é necessária – mas também um saber ir além, saber transcender e compreender para que a cura total possa ocorrer. 

Na ciência existem cada vez mais evidências da necessidade do cuidar holístico. No entanto, a nível de formação académico e cuidados de saúde ainda não acompanhamos o desenvolvimento produzido a nível científico.

Continuamos a focar a nossa formação a nível físico, por vezes emocional e mental, mas ainda é escassa a abordagem espiritual e energética.

Quando acontece, há um fenómeno importante que se nos escapa, e cada vez vai tendo mais peso e importância – a terapia pessoal do terapeuta.

Situações-espelho

Segundo os teóricos e estudiosos da linha junguiana (psiquiatra e psicoterapeuta Carl Jung), a realidade é um espelho do que acontece no nosso interior. 

Este conceito torna-se muito complexo de compreensão se nunca passamos por um processo de terapia pessoal e transpessoal.

É fácil escutarmos neste meio “nem tudo são situações-espelho”, no entanto a minha experiência pessoal e profissional indicam-me o contrário: tudo são situações-espelho.

espelho

No entanto, as explicações não são sempre lineares. É muito complexo tentar encontrar aquilo que em mim atrai aquela situação espelho se nunca recebi terapia transpessoal.

Eu já posso ter lido imenso sobre massagens e os seus efeitos, mas se nunca recebi uma massagem, esse meu conhecimento é apenas teórico, não vivencial. 

Quando somos terapeutas, possuir apenas o conhecimento teórico, vale muito pouco. “Educamos pelo que somos” e as feridas que eu tiver conseguido curar no meu interior dão-me a capacidade de ser uma terapeuta mais ou menos experiente. 

Quantas mais feridas eu curar em mim, mais capacidade tenho de ajudar os outros.

Cuidar de nós próprios para ajudar o próximo

Desenganemo-nos. Se eu escolho a profissão de enfermeira, é porque tenho de muito a aprender sobre o cuidar de mim própria.

Nesse processo, aprendo a cuidar de outros. Não é tão comum encontrarmos terapeutas excelentes no cuidar do outro mas que são profundamente negligentes consigo mesmos? Aqui está a incoerência e o arquétipo do curador ferido.

A maior incoerência que eu vivi durante anos e anos ao ser enfermeira era a adição tabágica. Eu sabia.

Que autoridade tenho eu em dizer aos outros o que é melhor para a sua saúde, quando eu própria fumo? 

Que luta difícil tive durante anos. Sentia-me culpada. Ser enfermeira fumadora, que junção tão estranha. Todas as minhas células sentiam a ilógica da situação. 

sombra

Só quando comecei a mergulhar em mim e a iniciar processos de terapia profunda é que consegui alcançar o tão almejado objetivo.

Não foi apenas com terapia superficial. Quantos métodos experimentei eu até finalmente conseguir parar de fumar! Mas foi das vitórias mais desafiantes de toda a minha vida!

E acontece exatamente o mesmo quando começamos a ter o primeiro contacto com a nossa sombra – o efeito espelho.

Como conseguimos ter consciência, quando o nosso subconsciente é cerca de 90% do conteúdo da nossa mente e nunca mergulhamos verdadeiramente num processo profundo de cura pessoal e transpessoal?

Lê mais sobre este tema

Lê mais sobre este tema nos outros dois artigos que escrevi para ti:

Artigo: Os Terapeutas e as Suas Feridas – II

Artigo: Os Terapeutas e as Suas Feridas – III

2 comentários em “Os Terapeutas e as Suas Feridas – I”

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